A armadilha das falsas aparições
[Sermão] A armadilha das falsas aparições
Publicado e
m 23/01/2013 por C.C.
Sermão para o II Domingo depois da Epifania
20 de janeiro de 2013 – Padre Daniel Pinheiro
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
Deixo mais uma vez o texto do Santo Evangelho de hoje de lado – mas não o Evangelho – para tratar de assunto que importa muito para a salvação de nossas almas. Creio que seja evidente, para todos que possuem olhos para ver e ouvidos para ouvir, a crise de fé e de moral em que nos encontramos. Essa crise de fé não é só o abandono de uma ou mais verdades de fé, mas é também o desconhecimento do que é a virtude teologal da fé. A fé, como já dissemos em outra oportunidade (clique neste link para ver sermão anterior), é a adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus, em virtude da autoridade divina que não pode se enganar nem nos enganar.
O abandono da verdadeira noção de fé tem levado muitos católicos a um erro contra a fé que é a excessiva credulidade em revelações privadas. A excessiva credulidade consiste em aderir com demasiada facilidade e sem fundamento suficiente a manifestações, profecias ou mensagens de alguém que diz ser favorecido por aparições e revelações privadas. Infelizmente, no Brasil e também no mundo, essas aparições e a crença das pessoas nelas têm se espalhado muitíssimo, com grande prejuízo para as almas.
Antes de tudo, é preciso dizer que toda a verdade necessária para a nossa salvação foi revelada por Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo aos Apóstolos. A Revelação Pública, quer dizer, aquela em que todos somos obrigados a crer para nos salvar, se encerra com a morte de São João Evangelista, o último apóstolo a morrer. Não há nada que a Igreja ensine como divinamente revelado que já não esteja contido nesse depósito confiado aos apóstolos. Nós temos a obrigação de crer na Revelação feita aos apóstolos e transmitida, defendida, explicada até nossos dias pela Santa Igreja Católica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quanto às revelações privadas, feitas a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, elas não são necessárias para a nossa salvação e não temos nenhuma obrigação de acreditar nelas.
Videntes de Fátima. [Em 13 de outubro de 1930, pela Carta Pastoral “A Divina Providência”, o Bispo de Leiria declara “dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria” e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.]
É preciso, porém, distinguir entre as aparições aprovadas pela autoridade hierárquica da Igreja e as que não são aprovadas. Quanto às aparições que são aprovadas pela Igreja, como, por exemplo, Lourdes, Fátima, Nosso Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe, seria muito orgulho e temerário rechaçá-las. A Igreja as examinou com rigor, a fim de estabelecer a sobrenaturalidade dos acontecimentos. Ela constatou que não há nada que se opõe à fé ou à moral. As aparições devidamente aprovadas pela autoridade hierárquica da Igreja não pertencem ao depósito da fé, mas devem ser consideradas com seriedade e respeito, em particular seguindo os conselhos dados por Nossa Senhora, que são, evidentemente, para o nosso bem espiritual.
Outro é o caso das aparições que não são devidamente aprovadas. Seguir uma aparição que não foi devidamente julgada pela Igreja segundo os critérios tradicionais, pode representar um perigo para a alma. Esse exame rigoroso cabe ao Bispo e à Santa Sé. Não cabe a nós dizer se uma aparição é verdadeira. Não temos elementos para julgar.
Por outro lado, não é tão difícil reconhecer uma aparição falsa.
O primeiro critério para julgar uma aparição diz respeito à pessoa favorecida pela aparição. Deus poderia aparecer e fazer uma revelação privada a um pecador, sem dúvida. Todavia, quase sempre uma verdadeira aparição se faz a alguém que não somente é fervoroso, mas que já se encontra muito avançado no caminho da perfeição. E isso condiz com a sabedoria divina. Alguém que fosse favorecido por uma revelação, sendo ainda imperfeito espiritualmente, ficaria, muito provavelmente, cheio de si e orgulhoso. Ao contrário, uma verdadeira revelação favorece a santidade e, portanto, a humildade.
Além disso, a Igreja considera as qualidades da pessoa favorecida. A Igreja considera as qualidades naturais quanto ao temperamento, quanto à sua saúde mental, a fim de saber se a pessoa não tem propensão a alucinações, à autossugestão e coisas do gênero. A Igreja considera também a sinceridade da pessoa, para saber se ela não tem tendência em aumentar a verdade ou simplesmente inventar fatos. A Igreja considera igualmente as qualidades sobrenaturais. É uma pessoa de virtude sólida ou não? Sua humildade é profunda ou ela gosta de aparecer e de contar aos outros os favores que recebeu? Ela segue os conselhos da autoridade eclesiástica com docilidade ou age por conta própria? A Igreja considera também os frutos da aparição. Houve melhoria nas virtudes, nos costumes daqueles favorecidos pelas aparições e mensagens? Todos esses fatores permitirão um juízo correto da aparição.
O critério mais importante, todavia, para julgar uma aparição, é o acordo ou o desacordo com a doutrina e moral católicas. Se a doutrina ou moral católicas são contrariadas, não há a menor dúvida: a aparição é falsa. Se a doutrina católica não é contrariada, é preciso analisar os outros aspectos.
É indispensável a aprovação da autoridade competente feita depois de exame segundo os critérios tradicionais, pois uma aparição que não foi aprovada pode ser obra humana, mas pode também ser obra do demônio. E, normalmente, quem deseja ser favorecido por graças extraordinárias, como o são as aparições, termina tendo aparições, mas que não encontram sua origem em Deus. São notórias aparições do demônio sob a aparência de Nosso Senhor, de Nosso Senhora ou de Santos. Isso ocorreu algumas vezes com o Padre Pio, por exemplo. É também notório que o demônio faz prodígios e fenômenos extraordinários – que não são em nenhuma hipótese milagres – para tentar legitimar falsas aparições.
Hoje, temos várias aparições por todo o Brasil e no mundo que não possuem aprovação eclesiástica e muitas – praticamente todas – não terão jamais, pois se opõem à doutrina católica. O problema é que muitos têm seguido essas aparições e mensagens, com prejuízo para as suas almas.
Muitas dessas aparições são apocalípticas, condenando aqueles que não acreditam nelas. Isso é mau sinal, muito mau sinal. Acabamos de dizer que não é necessário crer em aparições privadas para se salvar. Por que nos condenaríamos se não acreditamos em aparições que nem aprovação eclesiástica possuem?
Quanto ao fim dos tempos, nós não sabemos nem o dia nem a hora. Teremos, porém, sinais que nos permitirão reconhecer que ele está próximo: a conversão dos judeus, a apostasia, certos desastres, etc. Ainda assim, não saberemos o quanto o final dos tempos estará próximo. Não creio que sejam necessárias aparições que prevejam o fim iminente do mundo e não creio que isso esteja de acordo com a doutrina católica.
Além disso, essas aparições contêm em si, muitas vezes, uma oposição à análise da hierarquia ou afirmam que não se deve confiar no juízo da hierarquia. Ora, uma verdadeira aparição nunca pode se opor ao juízo da hierarquia, pois isso seria uma contradição em Deus, que estabeleceu a hierarquia, mas ao mesmo tempo pediria para que não se submetesse a ela. Ao contrário, a completa submissão à hierarquia estabelecida por Cristo é indispensável em uma verdadeira aparição. Nossa Senhora mostra isso claramente em Lourdes. É somente depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição que ela aparece dizendo ser a Imaculada Conceição. Ela não o faz antes, a fim de não tomar o lugar do Magistério da Igreja. A docilidade ao exame da autoridade competente está completamente ausente nessas aparições, em que os supostamente favorecidos querem justamente aparecer como favorecidos por Deus e Nossa Senhora, como filhos prediletos deles.
Vale também destacar que algumas dessas aparições têm um caráter mais sério no que toca à liturgia ou no que toca à castidade e à modéstia, por exemplo. Mas isso é simplesmente para enganar os incautos. O demônio, ao perceber que muitos buscam maior seriedade nesses pontos, lhes concede isso, mas os desviam por meio de supostas aparições, sejam elas pura invenção humana, sejam elas obras suas.
Poderíamos continuar aqui citando argumentos contra essas aparições que surgem por toda a parte: no sul do Brasil, aqui no Distrito Federal, em Goiás, no interior de São Paulo e em muitos outros lugares.
Videntes de Medjugorje [Nota: os bispos da Diocese de Mostar-Duvno sempre desaprovaram as aparições: “non constat de supernaturalitate”, conforme declaração da Conferência dos Bispos da Iugoslávia, de 1991.]
É preciso dizer: também a aparição de Medjugorje não tem aprovação nenhuma. Ao contrário, os Bispos do local sempre se opuseram. Pode até ser que alguma alma mude de vida em virtude dessas coisas, mas é porque Deus pode tirar de um mal um bem. Eu dou um conselho para o bem de vossas almas: não sigam essas aparições, não sigam essas mensagens.
Eu dizia, no começo do sermão, que essa moda aparicionista e que a credulidade excessiva têm sua origem em uma falsa noção de fé, na falta de fé sólida. Vejamos o que diz São João da Cruz. O Santo diz diz que o desejo de revelações tira a pureza da fé, desenvolve uma curiosidade perigosa que é fonte de ilusões e que confunde o espírito com imaginações vãs. Continua o Santo dizendo que esse desejo de revelações denota, com frequência, falta de humildade e falta de submissão a Nosso Senhor, que, por meio da revelação pública, feita aos apóstolos, já nos deu tudo o que precisamos para chegar ao céu.
Não devemos basear nossa vida espiritual em aparições não aprovadas. Isso é contra a fé, é o erro da credulidade excessiva. Não caiam na armadilha dessas aparições e se já seguem alguma, deixem-na. No lugar de buscá-las, devemos procurar conhecer melhor aquelas que são plenamente aprovadas (Fátima, Lourdes, etc) e conhecer cada vez melhor nossa fé, estudando o catecismo e a doutrina católica e colocando-a em prática.
Gostaria de dirigir agora algumas palavras à prezada Maria Clara, que vai receber o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo pela primeira vez. (…)
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Notas do Editor
A continuação do sermão (Exortação para Primeira Comunhão) encontra-se empost já publicado.
Os destaques, imagens e descrições das imagens são iniciativas do Editor; não se obriga (tampouco se proíbe) sua reprodução junto com o texto, no caso de publicação em outros sites.
Publicado e
m 23/01/2013 por C.C.
Sermão para o II Domingo depois da Epifania
20 de janeiro de 2013 – Padre Daniel Pinheiro
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
Deixo mais uma vez o texto do Santo Evangelho de hoje de lado – mas não o Evangelho – para tratar de assunto que importa muito para a salvação de nossas almas. Creio que seja evidente, para todos que possuem olhos para ver e ouvidos para ouvir, a crise de fé e de moral em que nos encontramos. Essa crise de fé não é só o abandono de uma ou mais verdades de fé, mas é também o desconhecimento do que é a virtude teologal da fé. A fé, como já dissemos em outra oportunidade (clique neste link para ver sermão anterior), é a adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus, em virtude da autoridade divina que não pode se enganar nem nos enganar.
O abandono da verdadeira noção de fé tem levado muitos católicos a um erro contra a fé que é a excessiva credulidade em revelações privadas. A excessiva credulidade consiste em aderir com demasiada facilidade e sem fundamento suficiente a manifestações, profecias ou mensagens de alguém que diz ser favorecido por aparições e revelações privadas. Infelizmente, no Brasil e também no mundo, essas aparições e a crença das pessoas nelas têm se espalhado muitíssimo, com grande prejuízo para as almas.
Antes de tudo, é preciso dizer que toda a verdade necessária para a nossa salvação foi revelada por Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo aos Apóstolos. A Revelação Pública, quer dizer, aquela em que todos somos obrigados a crer para nos salvar, se encerra com a morte de São João Evangelista, o último apóstolo a morrer. Não há nada que a Igreja ensine como divinamente revelado que já não esteja contido nesse depósito confiado aos apóstolos. Nós temos a obrigação de crer na Revelação feita aos apóstolos e transmitida, defendida, explicada até nossos dias pela Santa Igreja Católica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quanto às revelações privadas, feitas a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, elas não são necessárias para a nossa salvação e não temos nenhuma obrigação de acreditar nelas.
Videntes de Fátima. [Em 13 de outubro de 1930, pela Carta Pastoral “A Divina Providência”, o Bispo de Leiria declara “dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria” e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.]
É preciso, porém, distinguir entre as aparições aprovadas pela autoridade hierárquica da Igreja e as que não são aprovadas. Quanto às aparições que são aprovadas pela Igreja, como, por exemplo, Lourdes, Fátima, Nosso Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe, seria muito orgulho e temerário rechaçá-las. A Igreja as examinou com rigor, a fim de estabelecer a sobrenaturalidade dos acontecimentos. Ela constatou que não há nada que se opõe à fé ou à moral. As aparições devidamente aprovadas pela autoridade hierárquica da Igreja não pertencem ao depósito da fé, mas devem ser consideradas com seriedade e respeito, em particular seguindo os conselhos dados por Nossa Senhora, que são, evidentemente, para o nosso bem espiritual.
Outro é o caso das aparições que não são devidamente aprovadas. Seguir uma aparição que não foi devidamente julgada pela Igreja segundo os critérios tradicionais, pode representar um perigo para a alma. Esse exame rigoroso cabe ao Bispo e à Santa Sé. Não cabe a nós dizer se uma aparição é verdadeira. Não temos elementos para julgar.
Por outro lado, não é tão difícil reconhecer uma aparição falsa.
O primeiro critério para julgar uma aparição diz respeito à pessoa favorecida pela aparição. Deus poderia aparecer e fazer uma revelação privada a um pecador, sem dúvida. Todavia, quase sempre uma verdadeira aparição se faz a alguém que não somente é fervoroso, mas que já se encontra muito avançado no caminho da perfeição. E isso condiz com a sabedoria divina. Alguém que fosse favorecido por uma revelação, sendo ainda imperfeito espiritualmente, ficaria, muito provavelmente, cheio de si e orgulhoso. Ao contrário, uma verdadeira revelação favorece a santidade e, portanto, a humildade.
Além disso, a Igreja considera as qualidades da pessoa favorecida. A Igreja considera as qualidades naturais quanto ao temperamento, quanto à sua saúde mental, a fim de saber se a pessoa não tem propensão a alucinações, à autossugestão e coisas do gênero. A Igreja considera também a sinceridade da pessoa, para saber se ela não tem tendência em aumentar a verdade ou simplesmente inventar fatos. A Igreja considera igualmente as qualidades sobrenaturais. É uma pessoa de virtude sólida ou não? Sua humildade é profunda ou ela gosta de aparecer e de contar aos outros os favores que recebeu? Ela segue os conselhos da autoridade eclesiástica com docilidade ou age por conta própria? A Igreja considera também os frutos da aparição. Houve melhoria nas virtudes, nos costumes daqueles favorecidos pelas aparições e mensagens? Todos esses fatores permitirão um juízo correto da aparição.
O critério mais importante, todavia, para julgar uma aparição, é o acordo ou o desacordo com a doutrina e moral católicas. Se a doutrina ou moral católicas são contrariadas, não há a menor dúvida: a aparição é falsa. Se a doutrina católica não é contrariada, é preciso analisar os outros aspectos.
É indispensável a aprovação da autoridade competente feita depois de exame segundo os critérios tradicionais, pois uma aparição que não foi aprovada pode ser obra humana, mas pode também ser obra do demônio. E, normalmente, quem deseja ser favorecido por graças extraordinárias, como o são as aparições, termina tendo aparições, mas que não encontram sua origem em Deus. São notórias aparições do demônio sob a aparência de Nosso Senhor, de Nosso Senhora ou de Santos. Isso ocorreu algumas vezes com o Padre Pio, por exemplo. É também notório que o demônio faz prodígios e fenômenos extraordinários – que não são em nenhuma hipótese milagres – para tentar legitimar falsas aparições.
Hoje, temos várias aparições por todo o Brasil e no mundo que não possuem aprovação eclesiástica e muitas – praticamente todas – não terão jamais, pois se opõem à doutrina católica. O problema é que muitos têm seguido essas aparições e mensagens, com prejuízo para as suas almas.
Muitas dessas aparições são apocalípticas, condenando aqueles que não acreditam nelas. Isso é mau sinal, muito mau sinal. Acabamos de dizer que não é necessário crer em aparições privadas para se salvar. Por que nos condenaríamos se não acreditamos em aparições que nem aprovação eclesiástica possuem?
Quanto ao fim dos tempos, nós não sabemos nem o dia nem a hora. Teremos, porém, sinais que nos permitirão reconhecer que ele está próximo: a conversão dos judeus, a apostasia, certos desastres, etc. Ainda assim, não saberemos o quanto o final dos tempos estará próximo. Não creio que sejam necessárias aparições que prevejam o fim iminente do mundo e não creio que isso esteja de acordo com a doutrina católica.
Além disso, essas aparições contêm em si, muitas vezes, uma oposição à análise da hierarquia ou afirmam que não se deve confiar no juízo da hierarquia. Ora, uma verdadeira aparição nunca pode se opor ao juízo da hierarquia, pois isso seria uma contradição em Deus, que estabeleceu a hierarquia, mas ao mesmo tempo pediria para que não se submetesse a ela. Ao contrário, a completa submissão à hierarquia estabelecida por Cristo é indispensável em uma verdadeira aparição. Nossa Senhora mostra isso claramente em Lourdes. É somente depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição que ela aparece dizendo ser a Imaculada Conceição. Ela não o faz antes, a fim de não tomar o lugar do Magistério da Igreja. A docilidade ao exame da autoridade competente está completamente ausente nessas aparições, em que os supostamente favorecidos querem justamente aparecer como favorecidos por Deus e Nossa Senhora, como filhos prediletos deles.
Vale também destacar que algumas dessas aparições têm um caráter mais sério no que toca à liturgia ou no que toca à castidade e à modéstia, por exemplo. Mas isso é simplesmente para enganar os incautos. O demônio, ao perceber que muitos buscam maior seriedade nesses pontos, lhes concede isso, mas os desviam por meio de supostas aparições, sejam elas pura invenção humana, sejam elas obras suas.
Poderíamos continuar aqui citando argumentos contra essas aparições que surgem por toda a parte: no sul do Brasil, aqui no Distrito Federal, em Goiás, no interior de São Paulo e em muitos outros lugares.
Videntes de Medjugorje [Nota: os bispos da Diocese de Mostar-Duvno sempre desaprovaram as aparições: “non constat de supernaturalitate”, conforme declaração da Conferência dos Bispos da Iugoslávia, de 1991.]
É preciso dizer: também a aparição de Medjugorje não tem aprovação nenhuma. Ao contrário, os Bispos do local sempre se opuseram. Pode até ser que alguma alma mude de vida em virtude dessas coisas, mas é porque Deus pode tirar de um mal um bem. Eu dou um conselho para o bem de vossas almas: não sigam essas aparições, não sigam essas mensagens.
Eu dizia, no começo do sermão, que essa moda aparicionista e que a credulidade excessiva têm sua origem em uma falsa noção de fé, na falta de fé sólida. Vejamos o que diz São João da Cruz. O Santo diz diz que o desejo de revelações tira a pureza da fé, desenvolve uma curiosidade perigosa que é fonte de ilusões e que confunde o espírito com imaginações vãs. Continua o Santo dizendo que esse desejo de revelações denota, com frequência, falta de humildade e falta de submissão a Nosso Senhor, que, por meio da revelação pública, feita aos apóstolos, já nos deu tudo o que precisamos para chegar ao céu.
Não devemos basear nossa vida espiritual em aparições não aprovadas. Isso é contra a fé, é o erro da credulidade excessiva. Não caiam na armadilha dessas aparições e se já seguem alguma, deixem-na. No lugar de buscá-las, devemos procurar conhecer melhor aquelas que são plenamente aprovadas (Fátima, Lourdes, etc) e conhecer cada vez melhor nossa fé, estudando o catecismo e a doutrina católica e colocando-a em prática.
Gostaria de dirigir agora algumas palavras à prezada Maria Clara, que vai receber o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo pela primeira vez. (…)
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Notas do Editor
A continuação do sermão (Exortação para Primeira Comunhão) encontra-se empost já publicado.
Os destaques, imagens e descrições das imagens são iniciativas do Editor; não se obriga (tampouco se proíbe) sua reprodução junto com o texto, no caso de publicação em outros sites.