Chegamos a mais um mês de maio que é
sempre para nós, os católicos, um mês alegre e festivo, pela páscoa
da ressurreição, e por ser também o mês de Nossa Senhora. Quero
aqui, compartilhar com meus eventuais leitores, sobre um tema
recorrente, que sempre nos abordam: as aparições de Nossa Senhora.
É bem verdade que são muitos os que acorrem aos santuários a partir
e em torno das aparições de Maria. O Santuário de Aparecida recebe
pelo menos 7 milhões de fiéis ao ano, assim como o de Guadalupe, na
Cidade do México; 5 milhões visitam o Santuário de Lourdes, na
França; 1 milhão outros santuários como La Salete, Fátima e Lujan.
Será que devemos crer, de imediato, nas ditas aparições de Nossa
Senhora? Deus se serve de aparições para nos comunicar algo?
Se formos às Sagradas Escrituras, veremos que Deus se serviu de
aparições para transmitir mensagens de grande importância na
história da Salvação. Por exemplo: Yahwe “aparece” a Abraão sob a
forma de três peregrinos, “Viu os três e adorou Um”... A Jacó
aparece El Shaddai em Bethel, renovando com ele sua aliança (Gn 35).
A Moisés aparece em forma de um fogo que arde sem consumir a sarça.
O Antigo Testamento está cheio de outras aparições espirituais, como
as de anjos, etc... No Novo Testamento, além das aparições de Jesus
Ressuscitado aos seus discípulos, encontramos também muitas outras
como no livro dos Atos dos Apóstolos: visões de Estevão (7,56), de
Saulo (9,5), de Ananias (9, 10), de Pedro em Jaffa (10, 11-12),
etc... Sendo assim, as aparições de Maria, desde a antiguidade até
os nossos dias, entram na mesma lógica das aparições bíblicas. É
possível entender um fato por si mesmo misterioso? Não seria tudo
fruto da imaginação dos tais videntes? Deus usaria da nossa
imaginação para transmitir uma mensagem? Para Deus nada é
impossível. Dizem por ai que os padres, médicos e, claro, os
cientistas são os que mais tardam acreditar nos milagres e fenômenos
sobrenaturais. Muitas aparições podem, com certeza, serem frutos da
fantasia, de alucinação ou de fraudes – por isso, há certa prudência
e parcimônia da Igreja quando o assunto são as ditas aparições.
Os estudiosos das aparições e visões de Nossa Senhora estão
convencidos de que, a ação de Deus acontece na imaginação do (a)
vidente. Daí ser raríssimo que várias pessoas vejam ao mesmo tempo.
As aparições, desta forma, passam no plano subjetivo – Deus confere
ao fato uma objetividade que vai além das intenções do (a) vidente.
Sendo assim, a mensagem de que o (a) vidente é portador (a) pode
valer para uma Igreja particular, local ou universal.
A Igreja não costuma aprovar aparições pelas razões já explicadas
acima. Ela somente declara que em tal ou qual aparição não há
indício de erro: alucinação, fraude, etc.. De qualquer forma, mesmo
quando dá sinais de “aprovar” uma aparição (permissão para erguer um
templo, para a celebração litúrgica, para uma festa), jamais a
Igreja obriga a crer nas aparições ou visões com fé divina, como se
crê em Deus. É preciso analisar ainda, se se realizam os critérios
de autenticidade: coerência com a doutrina da Igreja; comunhão com
os pastores e a comunidade eclesial; testemunho de santidade de vida
dos “videntes”; frutos de conversão; fatos miraculosos.
Estive na cidade baiana de Angüera, onde um jovem, de nome Pedro
Regis, diz estar vendo Nossa Senhora. Fiz algumas perguntas ao
vidente Pedro, uma delas sobre a Revelação. Nas aparições não se
deve esperar nenhuma nova revelação pública antes da manifestação
gloriosa de Nosso Senhor Jesus (CIC 66). O jovem me pareceu muito
coerente nas suas respostas. Uma grande multidão, fui testemunha,
aglomerava-se para ver tais “aparições”. O jovem tem diretor
espiritual e o bispo local o acompanha de perto. Aqui no Estado de
São Paulo, são muitas as notícias de que Nossa Senhora esteja
“aparecendo”. Uma delas vem de Jacareí. O vidente se chama Marcos
Tadeu Teixeira, de 22 anos, e diz ver Nossa Senhora desde os seus 13
anos de idade. O local já conquistou uma multidão de fiéis e outra
“multidão” de polêmicas. Entre as polêmicas, a de que Marcos criou,
no chamado “Morro das Aparições,” um lugar de frutuoso comércio. Já
foram dadas, aos nossos fiéis, recomendações, pelas autoridades
religiosas, sobre o fenômeno. Foi pedido, até mesmo, que deixassem
de visitar o local. “Sede simples como as pombas e prudentes como as
serpentes” (Mt 10, 16).
Onde se encontra Nossa Senhora?! Nos nossos corações, nas nossas
comunidades, nos nossos lares. Não tenho dúvidas de que ela caminha
conosco, e todos os dias nos mostra sua face de mãe terna. Também
estou vendo Nossa Senhora: nas mães e mulheres que lutam
incansavelmente e naquelas que sofrem ao lado dos seus filhos
doentes ou drogados. Estou vendo Nossa Senhora nas rosas e nas
senhoras que rezam o terço e ajudam os pobres. Estou vendo Nossa
Senhora que constantemente sorri para mim e me anima na vida
vocacional. Veja você também Nossa Senhora, ela esta sempre do seu
lado e caminha com você. Ela é a discípula missionária do Pai
Eterno.
Pe. José Hunaldo Feitosa
Pároco da Paróquia São José
Chanceler do Bispado
|