* Quais são as aparições marianas reconhecidas pela Igreja? E Medjugorge?
Andrea Tornielli, Vatican Insider
No dia 25 de junho, completam-se os 30 anos das aparições
marianas em Medjugorje. Do que se trata?
As aparições de Medjugorje começaram em 1981, quando alguns
jovens do pequeno país da Bósnia-Herzegovina disseram ter visto Nossa
Senhora. Alguns deles, 30 anos depois, afirmam ainda ter uma aparição
diária. A
característica totalmente nova dessas aparições está no fato de que a visão
não está ligada a um lugar, mas ocorre em todos os lugares em que os
videntes se encontram.
As aparições de Medjugorje são aprovadas pela Igreja?
Não, o julgamento desses aparições ainda está pendente. O
papa, dado o porte internacional do fenômeno e a discordância de pareceres
entre o bispo local e outros bispos do país, nomeou uma comissão
internacional, confiando-lhe a liderança ao cardeal Camillo Ruini, para
avaliar os testemunhos e manifestar um julgamento. Esse também é um fato
totalmente excepcional: o
reconhecimento de uma aparição cabe ao julgamento do bispo local.
Quantas são as aparições marianas e quais são as principais
entre as que são reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica?
Nos 20 séculos de história cristã, contam-se cerca de duas
mil indicações relativas a aparições marianas que tiveram uma certa
relevância histórica. As que são reconhecidas pela Igreja nos últimos dois
séculos são apenas uma dezena. As mais importantes entre as reconhecidas
são:
Guadalupe, no México (1531); Rue du Bac, em Paris (1830);La
Salette, na França (1846); Lourdes, na França (1858); Fátima,
em Portugal(1917); Banneux, na Bélgica (1933); Amsterdã, na Holanda
(1945); Akita, noJapão (1973); Kibeho, em Ruanda (1981).
Qual é a atitude da Igreja diante desses fenômenos?
Muito prudente, ou melhor, muito prudente mesmo. Antes de se
pronunciar, a autoridade eclesiástica procede com pés de chumbo. O bispo do
lugar, se considera que há pressupostos, geralmente institui uma comissão
teológica, que interroga os videntes e avalia os testemunhos, avaliando
também eventuais mensagens ligadas à aparição.
Quais são os critérios utilizados pela Igreja para apurar a
autenticidade de uma aparição?
A credibilidade dos videntes: jamais devem se contradizer,
seus relatos devem ser coerentes, devem ser reconhecidos saudáveis do ponto
de vista mental.
Em segundo lugar, a ortodoxia das eventuais mensagens, que
devem estar de acordo com a mensagem evangélica e também com o magistério da
Igreja.
Finalmente, os frutos, ou seja, as conversões e as eventuais
graças ligadas ao lugar da aparição.
Que julgamento o bispo pode dar no fim do processo?
Estão previstas três fórmulas para três diferentes tipos de julgamento. Se a
autoridade eclesiástica chega a verificar que se tratou de uma fraude ou até
da fantasia de algum visionário, o julgamento é “constat
de non supernaturalitate”,
isto é, consta a não sobrenaturalidade.
Se, ao contrário, o julgamento é interlocutório e não foi
possível apurar a veracidade, mas nem desmenti-la, se adota a fórmula “non
constat de supernaturalitate”,
isto é, não consta a sobrenaturalidade, mas isso não exclui que possa ser
verificada em um segundo momento. Esse
último julgamento foi utilizado paraMedjugorje.
Qual foi a aparição mariana que durou mais tempo?
A poucas dezenas de quilômetros da fronteira com o Piemonte,
nos Alpes Marítimosde Dauphiné, em Laus, entre 1664 e 1718, Nossa Senhora
apareceu por 54 anos a uma pobre pastora analfabeta, Benoite Rencurel. As
aparições de Laus foram reconhecidas oficialmente no dia 13 de junho de 2008
pelo bispo de Gap et d’Embrun,Dom Jean-Michel di Falco-Leandri.
Um fiel católico deve acreditar nas aparições marianas
reconhecidas oficialmente pela Igreja?
Não, o fiel católico não é obrigado a acreditar nas aparições
marianas, embora reconhecidas oficialmente. A Igreja considera concluída a
revelação pública com a morte dos apóstolos e, portanto, todas as aparições,
todas as mensagens posteriores, mesmo que tenham um valor universal, são
consideradas revelações “privadas”, as quais o fiel não é obrigado a
acreditar, porque não acrescentam nada à mensagem evangélica e ao magistério
da Igreja.
Por que, de acordo com os teólogos católicos, Nossa Senhora
se revelaria em tantas aparições?
O significado é o da ajuda, do apoio, às vezes da
advertência, sempre acompanhado pelo convite à oração e à conversão:
em Fátima, Nossa Senhora apareceu às vésperas da Revolução de Outubro e
falou sobre a Rússia.
Em Kibeho, em Ruanda, com dez anos de antecedência, ela
apresentou aos videntes a visão de lagos e rios de cor vermelho como sangue,
cenários que se verificariam por ocasião dos tremendos confrontos entre as
etnias hutu e tutsi.
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